Rudyard Kipling
Se ès capaz de manter a tua calma, quando, Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa,
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses, no entanto, achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretencioso.
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
De sonhar - sem fazer dos teus sonhos teus senhores,
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
Tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas por que deste a vida estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada,
Tudo o quanto tu ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar o coração, nervos, músculos, tudo,
De dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
Resta a vontade em ti, que ainda te ordena: persiste!
Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes,
E de entre Reis, não perder a naturalidade.
E de entre amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho.
Tua é a Terra comtudo o que existe no mundo,
E - o que é nainda muito mais - ès um Homem meu filho!
in DeRose (2008) Quando é Preciso Ser Forte
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